Chefe da Casa Civil afirma que não
haverá retaliação aos infiéis após votação que livrou Temer do afastamento
03 Agosto 2017 | 05h00
BRASÍLIA - O ministro da Casa Civil, Eliseu
Padilha, disse que a rejeição da denúncia contra o presidente Michel Temer pela
Câmara revela a “força” do governo para emplacar a agenda de reformas no
Congresso ainda neste ano. “A próxima batalha é a retomada da reforma da
Previdência”, afirmou ao Estado.
Mesmo
com a infidelidade demonstrada por deputados do PSDB e sem reunir 308 votos –
patamar necessário para aprovar mudanças na Previdência –, Padilha amenizou a
crise política. “Não haverá retaliação a partidos”, assegurou o ministro. “Nós
temos toda a boa vontade possível com o PSDB, que tem nosso crédito.”
Nesta
quarta-feira, 2, Padilha passou boa parte do dia com Temer, no Planalto,
acompanhando a votação na Câmara pela TV. Almoçou com ele, ao lado do ministro
da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, do secretário de
Comunicação, Márcio de Freitas, e do publicitário Elsinho Mouco. Quando Temer
viu que a vitória estava assegurada, recorreu a seu estilo formal para
aplaudir: “Finalmente, a lei está sendo levada a seu devido lugar”.
Qual o maior desafio do governo após o
arquivamento da denúncia contra Michel Temer?
A próxima batalha é a retomada da
reforma da Previdência. Este é o item número um da nossa agenda e o grande
desafio que temos. A meta é ver se conseguimos, ainda neste mês de agosto,
chegar ao patamar de 17 de maio (quando o governo dizia ter perto de 300
votos e veio à tona a delação da JBS), para que possamos votar a reforma na
Câmara. A ideia é ter essa votação encerrada no Senado na primeira quinzena de
outubro.
Mas a votação mostrou que o governo não
tem os 308 votos necessários para aprovar a reforma da Previdência na Câmara...
O resultado de hoje (quarta-feira)
é uma demonstração de força do governo e os indicadores apresentam números
altamente positivos. Embora não seja a mesma coisa, é muito auspicioso o número
de votos que conseguimos para a rejeição da denúncia contra o presidente.
O problema é que a base aliada continua
muito dividida e essa reforma é muito impopular.
Nós estamos reaglutinando a base nesse
processo. Não há parlamentar da base que não esteja convencido de que a reforma
da Previdência é imperiosa. Se não a fizermos, em 2024 toda a receita da União
vai para a folha de pagamento dos servidores, além de saúde, educação (despesas
obrigatórias por lei) e Previdência. Nada mais. Daí em diante tudo vai
piorando e não teremos os mesmos recursos nem para saúde e educação.
Como contornar o racha do PSDB e
mantê-lo na base?
O
PSDB está dividido, meio para cá e meio para lá, mas isso é um problema interno
do partido. Nós temos toda a boa vontade possível com o PSDB, que tem nosso
crédito. Nós não queremos que o PSDB saia.
Haverá retaliação aos aliados infiéis,
exonerações, mudanças no ministério?
Não
haverá retaliação aos partidos.
Fala-se que o governo teve uma vitória
de Pirro, porque o presidente continua muito enfraquecido e não terá força
suficiente para aprovar as reformas. Como o senhor responde?
Conversa.
Quero saber qual foi o governo, na história recente do Brasil, que conseguiu
aprovar tanto quanto nós aprovamos no Congresso. A reforma trabalhista era um
tema tabu e nós conseguimos fazer mais de cem alterações na CLT.
O governo terá força para reagir
novamente se o procurador-geral Rodrigo Janot apresentar mais denúncias?
Se
houver outra denúncia, terá o mesmo tratamento que teve essa. Vamos trabalhar
pela rejeição dela na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário da
Câmara.
A oposição alega que o governo só
conseguiu esse placar por causa do “toma lá dá cá”, distribuindo cargos e
emendas.
Não
houve toma lá dá cá. As emendas são impositivas e foram empenhadas tanto para a
base do governo como para a oposição. Todos têm direito.
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